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CINEMA 1 – SESSÃO PRESENÇA AUSENTE

 

(…) Em Route One Usa, vivíamos uma aventura – não de Doc e de Robert, mas de Robert e de Paul, uma espécie de história de amor entre homens que vinha de muito tempo, quando éramos militantes juntos, e tínhamos encontrado um ponto de fixação na experiência de dois filmes. Para além das histórias que eles contavam, os filmes eram a história não dita da nossa relação. Tudo aquilo podia ser visto, descrito e vivido de uma maneira completamente diferente. Comecei a tatear:

“Vou dizer tudo o que quero dizer sobre a nossa relação, e o material – todas as pessoas que você encontra em Route One Usa, os artifícios de Doc’s

Kingdom – vai passar para o segundo plano. Em primeiro plano, haverá as conversações intermináveis que tínhamos durante esses filmes, e que tinham implicações em todos os aspectos de nossa vida real. Sempre tive medo do que podemos chamar de síndrome Jonas Mekas.

Pensei muito nisso vendo seu filme em Locarno. Era realmente um prazer, e o prazer consistia nisso, na síndrome Jonas Mekas, que significa: “Abraço toda a

minha subjetividade”. Tinha decidido ir até o fim, ia dizer tudo. Mostrar tudo, pelo menos dessa vez. E depois, existem todas as formas de não mostrar nem

o que achávamos que íamos mostrar. Eu tinha muita vontade de atingir um outro nível. Queria atingi-lo trabalhando 24 horas. Poderíamos também chamar isso de

síndrome Chris Marker. Eu ia mergulhar completamente. Não responderia ao telefone, não voltaria pra casa, e veria o que aconteceria. O que aconteceu é Dear Doc.

 

Robert Kramer

DEAR DOC

DEAR DOC

ROBERT KRAMER

 

SAB 30/11 - 20H

FRANÇA . 1991 . DIGITAL . 35MIN . 0 ANOS

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